Toxicodinâmica


Há estudos que apontam que o glifosato proporciona o aumento dos níveis de consumo de oxigénio e da atividade ATPase, e que também interrompe a atividade da enzima aromatase, responsável pela produção de estrógenos, o que irá gerar alteração dos níveis de RNAm e reduzir os níveis hepáticos do citocromo P450. Devido a redução dos níveis de CP450, há uma interferência no metabolismo de alguns fármacos. [1]
Na “Glyphosate Toxicological Summary Sheet Minnesota Department of Health November 2017” tiraram-se as seguintes conclusões:[2]
O glifosato foi avaliado em relação aos seus efeitos endócrinos. A US EPA concluiu que não há evidências suficientes para o efeito negativo do glifosato nos níveis de estrogénio, bem como nos efeitos endócrinos da tireoide. A FAO e a OMS concluíram o mesmo, com base nos resultados de uma série de ensaios validados in vitro e in vivo.
A nível reprodutivo, os resultados deste estudo mostram que a exposição aguda ao Roundup em doses baixas (36 ppm, 0,036 g / L) por 30 min induz stress oxidativo e ativa múltiplas vias de resposta ao stress levando à morte de células de Sertoli em testículos de ratos pré-púberes.
O pesticida aumenta a concentração de Ca2 + intracelular abrindo os canais de Ca2 + dependentes de voltagem, assim como os recetores IP3 e rianodina do retículo endoplasmático, levando à sobrecarga de Ca2 + nas células, que desencadeou stress oxidativo e morte celular por necrose. A incubação do testículo com apenas glifosato (36 ppm) também fez com que aumentasse a captação de Ca2 +. O herbicida também diminuiu os níveis de glutationa reduzida (GSH) e aumentou as quantidades de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). Ainda assim, os autores comentam que a base molecular de sua toxicidade continua por esclarecer.
Este estudo propõe que a toxicidade do Roundup implicada na sobrecarga de Ca2 +, desregulação da sinalização celular, resposta ao stress do retículo endoplasmático e / ou defesas antioxidantes diminuídas poderiam contribuir para a rutura das células de Sertoli na espermatogénese podendo ter impacto na fertilidade masculina. [3]
Na figura 2 resume-se a toxicodâmica do glifosato.[4]
A IARC conclui que há poucas evidências da imunotoxicidade do glifosato. O glifosato não causou imunotoxicidade em camundongos testados com doses até 100 vezes maiores do que o valor de referência a curto prazo.
As consequências da elevada afinidade do glifosato para o desenvolvimento ósseo são desconhecidas. Mas foram relatados aumentos consistentes da fosfatase alcalina sérica (ALP) em vários estudos com roedores e cães, geralmente em doses mais de 200 vezes maiores que os valores de referência. Sabendo que o valor da ALP é alto quando há aumento da atividade osteoblástica nos ossos, pode-se relacionar alterações no metabolismo ósseo ou lesão hepática com o uso do glifosato.
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Figura 1 Toxicidade do glifosato na concentração de Ca2+

Figura 2 Toxicodinâmica, visão geral
[1] (Melo, K. G. D. (2018). Determinação de glifosato em amostras de urina humana pela derivatização com cloroformato de 9-fluorenilmetilo por cromatografia líquida com detecção por fluorescência.)
[2]"Glyphosate Toxicological Summary Sheet Minnesota Department of Health November 2017" https://www.health.state.mn.us/communities/environment/risk/docs/guidance/gw/glyphosatesumm.pdf. Acedido a 30 de maio de 2019
[3] Cattani, D., Heinz, C. R., Pierozan, P., Zanatta, L., Benedetti, E. P., Wilhelm, D. F., ... & Zamoner, A. (2013). Roundup disrupts male reproductive functions by triggering calcium-mediated cell death in rat testis and Sertoli cells. Free radical biology & medicine, 65, 335-346.
[4] Danièle Court Marques (2016). Assessment of the toxicological properties of glyphosate by the Pesticides Peer Review. Disponível em: https://echa.europa.eu/documents/10162/22863068/glyphosate_efsa_en.pdf/dc25996f-53b3-c9a7-f0d7-415169061a02. Acedido a 9 de abril de 2019.